Maldita poeira, por quê você não some? Me entristece pensar que você ocupa meu quarto, liquidamente, mais do que eu mesmo; vivendo em cada vértice de paredes, estacionada na mesinha de cabeceira e servindo de cobertor aos meus poros. Você só me faz acordar no meio da noite asfixiado no próprio muco; espirrar no meio de séries de televisão e perder momentos cruciais da história, e ainda me sentir um imundo. Só o fato de pensar que no fim da minha jornada eu vou me transformar em você, me deprime mais ainda.
Tô começando a ficar com preguiça de existir. Acho que preciso começar a correr em parques; passear com algum animal socialmente aceito pelas ruas; algo assim banal que me faça sentir mais feliz comigo mesmo. Ultimamente segui o conselho daquelas pessoas que tem a Fórmula da Vida Longa e Estável, zeladores do templo da Rotina. Tenho tentado - sem muito sucesso - encontrar felicidade nas coisas pequenas. Não encontrei-a no sorriso de gengiva de recém-nascidos; nem na água de coco gelada do quiosque da praia nem no rebolado das mulatas da praia num fundo sem foco de uma cena de cinema. Tentei espremê-la de sucos orgânicos revitalizantes; e usurpá-la em delitos envolvendo bombons de mercado, em uma tentativa frustrada de um orgasmo cleptomaníaco. Tudo em vão.
Merda. O ônibus passou do meu ponto.
2 Comentários:
maldito aquecimento global.
hahaha, muito bom
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