domingo, 29 de agosto de 2010

Ás vezes gosto de sentir o sangue correndo grosso pelas veias.
Ás vezes bato em minha perna pra lembrar que sinto dor.
Ás vezes paro e me pergunto se você ainda sente amor.

sábado, 28 de agosto de 2010

Sozinho sem solidão

Já há algum tempo, ando sozinho.

Outro dia minha mãe colocou sua mão nas minhas costas e disse que eu já sou adulto. Caminho com minhas próprias pernas, diria meu pai.

É necessariamente terrível pensar isso. Mas é necessário, necessário é pensar que você não terá outras oportunidades pra ser levado na escola, aonde a única coisa a se preocupar seria em comprar a ficha da lanchonete antes do recreio pra não ter que pegar fila na hora.

Por isso, ando sozinho. Me levo ao cinema; me carrego em meus próprios braços até a praia, para me bronzear e ler um livro. Acompanho-me em corridas; me pago uma bebida quando preciso me hidratar (ainda que não trabalhe para conseguir o dinheiro).

Faço todas as atividades sozinho. E gosto.

Demorei para compreender o que não é solidão. Aprendi a exercer e desenvolver a minha individualidade sem dar atenção aos zumbidos dos insetos que povoam a mata a qual caminho. Vi e consegui enxergar mais de perto minha real essência, e vivi que relacionamentos são por vezes pintados com um punhado de incerteza, e na medida que eu não poderia deixar ir embora por estar olhando pra trás, eu mesmo não poderia caminhar em frente estando de costas para o futuro. Ás vezes tudo que você precisa é de um chute na cara da Vida pra voltar a ver o que é realmente importante, e quando você tenha alguns dentes quebrados vai poder contar com quem se importa com você.

Só tenha certeza que alguém se importe com você, e que não seja só uma pessoa: pois os relacionamentos são por vezes, pintados com punhados de incerteza.