domingo, 24 de maio de 2009

A semântica da tesoura voadora

Eu estava prostituindo-me em um plano autista durante a chata aula de Física no meu colégio, quando presencio uma cena corriqueira que me rendeu uma teoria que originou toda a porcaria que vocês lerão durante o próximos 5 minutos (15 minutos para os dislexos).

Um dos meus colegas de classe estava fazendo alguma atividade - que não tinha nada há ver com a aula de Física - aonde ele precisava de uma tesoura. Ele foi pedir para uma menina o qual ele deveria saber que possuia uma, mas se encontrava à uma certa distância dele, o que faria com que um dos dois levantasse, podendo chamar a atenção do professor. Foi aí que o garoto disse:

- Joga a tesoura.
- Ãhn?
- Joga a tesoura! Pode jogar.

Foi aí que eu inutilmente tentei buscar proteção sob a superfície do meu fichário, quando recebi uma notícia aliviadora.

- Não vou jogar a tesoura, porra.
- Aff.

A menina se levantou triunfalmente da carteira e entregou a tesoura na mão do garoto.

Uma situação dessas é algo tão absurdamente banal que alguns de vocês simplesmente ignorariam o fato. Eu fiquei refletindo sobre aquilo e desenvolvi uma teoria sobre a relação indivíduo - coletivo, baseado apenas nessa reflexão. (Não, eu não havia consumido quaisquer tipo de alucinógenos ou estimuladores criativos para pensar nisso.)

As pessoas podem ser divididas em dois grupos: Aquelas que jogariam uma tesoura sob os ares em um espaço onde haja outras pessoas; e Aquelas que não jogariam.

Não substimem o valor dessa generalização; ela significa muita coisa.

Pessoas que podem chegar a realizar esse ato são pessoas que não se importam com meio social em que elas vivem, não demonstrando nenhum tipo de cuidado ou preocupação com o fator de alguém ter sua mão perfurada por um objeto pontudo ou o fato de ficar cego. São o tipo de pessoas que soltam balões e provocam incêndios; pessoas que usam mangueiras de água pra removerem as folhas da calçada; ou pessoas que votaram no Paulo Maluf depois de todos os escândalos envolvendo esse filho da puta.

Por outro lado, as pessoas que não chegam a realizar esse ato, são pessoas que, mesmo que não sejam solidárias a ponto de fazer uma ligação pro telefone do Criança Esperança e ajudar aquelas crianças carentes e de quebra encher o cofrinho das Organizações Globo; pelo menos não chegam a causar nenhuma influência na vida delas; seja benéfica ou maléfica.

Logo depois que o colega de classe fez seu recorte com a tesoura; ao devolvê-la ele jogou a mesma pelos ares, em direção à sua proprietária; felizmente, não causando nenhuma vítima.